26 dezembro, 2022

Seria o meu avesso?

Liberdade!

Passava a idade
Mudava a cidade
Certa adversidade
Antes engaiolada sem querer
e também por querer 
prender-me 
perder-me em braços
paixões avassaladoras. 

Para uma quieta eu não era fraca
furacão 
em uma cela.

Tímida em cenas
tudo mentira
engano de quem não me teve
no ato.

Agora 
depois de dor
de amputações 
de costuras
de remendos 
eu não me prendo
eu não me perco
eu apenas bebo
mas sóbria permaneço.

Alguns dizem traumas
e até pode ser
mas eu vejo e sinto 
é a liberdade. 

18 novembro, 2022

Fome

Comecei a desejar uma boca que eu já conhecia

Antiga

Não conhecia o corpo, mas a língua!

Comecei a desejar tudo nele

Outra vez!


Fosse o que fosse

Ao menos fantasias!

Eles

Parece mesmo que gosto de caras com olhos tristes

talvez porque os meus também sejam.

Olhos lindos, mas sofridos

neles enxergo a alma deles

e a minha. 


Queria eu não ter essa sensibilidade

Por quê?

Atração não é a palavra certa.

Me identificava.

31 outubro, 2022

Outrora agora

Uma arte sutil 
feito águas correntes 
na cachoeira ou no rio 
você me encontra presente 
diferente daquela ausência
disfarce. 

Imensamente simples 
constantemente quente 
quem beberia esse aguardente?
entre as águas os nossos dentes 
entre os dentes a nossa boca. 

Tudo tão sutil e ardente.